separateurCreated with Sketch.

Dom Azcona não será mais obrigado a sair da ilha de Marajó

Dom José Luís Azcona Hermoso

Dom José Luís Azcona Hermoso

whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Reportagem local - publicado em 28/12/23
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Decisão foi tomada após veementes protestos de fiéis em favor do bispo emérito

Dom José Luís Azcona Hermoso, bispo emérito de Marajó, no Pará, poderá continuar morando na ilha, confirmou o pe. Kazimierz Antoni Skorki, administrador diocesano da prelazia. Neste dia 26, o bispo nomeado de Marajó, dom José Ionilton, recebeu da nunciatura apostólica no Brasil o comunicado de que dom Azcona "não precisará mais ‘transferir-se da residência na qual vive atualmente’".

No início de dezembro, a prelazia tinha informado o recebimento de uma ordem transmitida por dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico no Brasil, determinando que o bispo emérito deixasse a ilha até janeiro.

A decisão surpreendeu os fiéis e o clero local, que se mobilizaram para pedir a permanência de dom Azcona no território. Em 13 de dezembro, via redes sociais, os sacerdotes da prelazia divulgaram nota não apenas defendendo que o bispo emérito pudesse ficar na ilha, mas também solicitando esclarecimentos da nunciatura apostólica no Brasil sobre a determinação de que o prelado saísse do território.

A reversão da decisão, divulgada nesta semana, veio acompanhada pela sugestão, de parte do Dicastério dos Bispos, de que a data da posse canônica do novo bispo, dom José Ionilton, "seja adiada e que a nova data seja marcada com o núncio apostólico".

Quem é dom José Luís Azcona

Espanhol de Pamplona, onde nasceu em 28 de março de 1940, dom Azcona é religioso da ordem dos agostinianos recoletos e veio para o Brasil em 1985, tendo cumprido a missão como bispo de Marajó de 1987 até 2016, quando renunciou por idade. Ele continua vivendo na ilha desde então.

Em 2009, dom Azcona denunciou gravíssimos casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha, um crime que envolveria políticos e empresários locais. A gravidade da denúncia levou à criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Pará e no próprio Congresso Nacional. Dom Azcona passou a sofrer ameaças de morte em decorrência das suas denúncias.

Dom Azcona também se manifestou enfaticamente contrário a pautas do Sínodo da Amazônia de 2019, com críticas ao instrumentum laboris e ao documento final. Ele lamentou, por exemplo, a “ausência de Cristo Crucificado” no instrumentum laboris, denunciando o que considerou como a omissão da essência do anúncio evangelizador no documento de trabalho do sínodo.

Além disso, defendeu o celibato sacerdotal contra alegações enviesadas ideologicamente de que os povos indígenas seriam incapazes de compreendê-lo; questionou a parcialidade do documento ao omitir qualquer menção ao pecado entre os povos indígenas; e apontou o escândalo da idolatria no uso de imagens da “Pachamama” em eventos do sínodo.

O bispo ainda criticou a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), questionando o que descreveu como “pensamento único”, “ameaçador por ser um perigo para a liberdade de pensamento na Igreja da Amazônia”. E resumiu: “é uma Amazônia imposta”.

Top 10
See More