Como manter a caridade e a benevolência nas redes sociais

Política, sociedade, fé, moda, beleza: nenhum assunto é poupado nas redes sociais. Porém, o certo anonimato permitido neste ambiente é um prato cheio para que as pessoas possam falar o que quiserem e o que pensam. Mas isso nem sempre é bom. 

Aqui estão algumas dicas para se manter gentil na internet.

Por trás de um perfil, um apelido ou uma fotografia na rede social esconde-se uma pessoa real, dotada de sentimentos, que pode ser sinceramente magoada pelas palavras do outro - ainda que nenhum dos dois se conheça. 

Diane, uma criadora de conteúdo no Instagram, explica: “Obviamente, já enfrentei comentários depreciativos. Mostrar a sua vida abre as portas para as críticas. Sempre tem gente que vem comentar, sem nenhum objetivo específico, sem te conhecer. As pessoas também te julgam, e isso pode ser desestabilizador. A maioria das críticas vem principalmente de pessoas vingativas que querem defender suas opiniões, o que não é ruim em si. Acho que é sobretudo o anonimato que permite muita coisa: podemos dizer tudo e qualquer coisa, sem filtro. Alguns aproveitam para ser desagradáveis. Sobre este assunto, o que mais surge são os comentários sobre a minha aparência, o meu físico ou a forma como me visto - o que não é muito surpreendente, já que o Instagram é uma rede social de imagens."

Uma distinção deve ser feita aqui entre crítica, julgamento e reação. "Concordo plenamente com a ideia de que expor algo é permitir que os outros reajam" afirma Diane. A influencer francesa continua: "Expor certos aspectos da vida privada significa submetê-los ao olhar dos outros, sem que isso seja necessariamente negativo. É o caso, por exemplo, de quando um relacionamento se torna público no momento do anúncio do noivado: as reações das pessoas ao seu redor nem sempre são as esperadas. No entanto, acho que nada justifica ser desagradável ou ter um comportamento inadequado nas redes, independentemente do que optamos por mostrar ou não. O próprio princípio das redes é escolher livremente o conteúdo que queremos consumir, o que também nos deixa livres para cancelar a assinatura se não gostarmos mais do conteúdo”. 

Devemos, portanto, sempre nos questionar para discernir, no calor da emoção: o que vou escrever é reação, crítica ou julgamento? Se pudermos rebater uma afirmação para qualificá-la ou mesmo demonstrar com benevolência que não compartilhamos de uma opinião, é saudável fazê-lo, mas sempre com o respeito ao outro e suas opiniões.

Diane optou por centrar seu conteúdo em sua fé e, assim, está ciente de ir contra a corrente: as redes não foram criadas para a religião, mesmo que o Senhor às vezes use esse canal para tocar os corações. Ela adverte: “Na internet, há uma verdadeira exposição à tentação e ao Maligno. Seja no conteúdo que escolhemos consumir ou no conteúdo que criamos, as redes tornam as pessoas mais vulneráveis, você tem que estar ciente disso”. 

É necessário, portanto, resistir a esta tentação que não vem de Deus, embora alguns “vigilantes” limpem suas consciências e pensem que têm razão em emitir seu julgamento.

Devemos sempre ter em mente que temos o direito de discordar dos outros, por exemplo, sobre o fato de mostrar nossos filhos, nossa família, nossa vida, nosso noivo, mas nada nos autoriza a criticar os outros por esses motivos. 

Enfim, para manter a caridade na internet, por que não invocar nossos amigos santos? Uma oração ao Beato Carlo Acutis ou a Santo Isidoro de Sevilha, padroeiro dos internautas, pode ajudar a não ceder a esta tentação.