Caminho Cartuxo: A impressionante e pouco conhecida rota de peregrinação

Por volta do século XIII, tendo recebido proteção real e importantes doações do Rei Jaime I ("o Conquistador"), Escaladei adquiriu grande prestígio, incluindo jurisdição feudal legal sobre as cidades e terras vizinhas. Em suma, os Cartuxos promoveram a atividade econômica, social e cultural na região, pelo que se tornou necessário estabelecer uma rede de rotas de ida e volta ao mosteiro. Esta rede acabaria por se tornar o Caminho Cartuxo.

As primeiras estradas que levavam ao mosteiro eram utilizadas tanto por monges como por leigos para atravessar as montanhas e vales do que é hoje a Reserva Natural de Montsant.

Uma intrincada rede de estradas subsidiárias conduziu a aldeias, cidades e eremitérios que ainda podem ser visitados. Foi assim que nasceu o Caminho Cartuxo.

Alguns destes eremitérios, como a Ermida de Puigcerver, que fica no alto de uma colina com vista para o Mediterrâneo de cortar a respiração, oferecem aos peregrinos serviços de quarto e alimentação a preços muito acessíveis.

A tradição afirma que o Caminho Cartuxo original era suficientemente largo para ser utilizado pelos pastores quando levavam os seus rebanhos pela montanha abaixo, até Reus. Este caminho acabou por conduzir à Estrada Real, que ligava a costa mediterrânea à cidade de Lérida, uma rota comercial que se manteve ativa até ao século XVI.

Estes antigos caminhos e estradas são típicos da paisagem ibérica e têm hoje um valor histórico imenso. Caminhar pelas estradas cartuxas do Montsant permite ao caminhante-peregrino descobrir a sua história e beleza natural, cultural e espiritual.

Há três itinerários diferentes que o peregrino pode escolher. Esses itinerários podem ser feitos separadamente ou podem ser combinados para cobrir toda o Caminho Cartuxo em apenas dois dias - um plano ideal para o fim de semana.

Lendas locais afirmam que, enquanto os Cartuxos atravessavam a Sierra del Montsant, encontraram um pastor que lhes disse ter visto alguns anjos que escalavam os penhascos íngremes da cordilheira usando uma escada que subia até às nuvens. Os monges viram isto como um sinal de Deus, a história do pastor parecida com a da escada de Jacó (Gen. 28:11-19). Assim, decidiram construir ali o seu foral, e chamam-no Scala Dei, "Escada de Deus".